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Antes de qualquer coisa, leia esta coluna, que é do ano passado, mas cujo assunto é atualíssimo.

Leu? OK, então podemos começar a conversar a respeito. David Pogue falou algo interessante: 95% dos e-mails recebidos por colunistas e críticos são civilizados, amigáveis e com críticas construtivas. Porém, há os tais 5% de malas.

Talvez isso se aplique aos EUA e a outros lugares em que as pessoas são civilizadas ao usar e-mail. Aqui no Brasil a coisa é um pouquinho diferente, pois assusta a quantidade de idiotices que recebemos. E quem for comparar a tiragem do períodico, os pontos de audiência ou o número de pageviews com o feedback recebido vai notar que é sim um hábito do brasileiro civilizado manter-se calado quando gosta de alguma coisa. Não verei obrigatoriamente demérito nisso, pois talvez essas pessoas saibam que muitas vezes não se deve dar idéia para que uma besteira seja feita.

De qualquer maneira, haverá feedback. E é aí que entra uma incrível quantidade de pessoas desmioladas, que ou expõem abertamente uma burrice da qual deveriam se envergonhar e ficarem quietos para não dar gafe ou partem abertamente para o destrutivo mesmo.

E aí que reside o problema, como já disse: dada a baixa quantidade de mensagens educadas e inteligentes que boa parte dos jornais, revistas e sites recebem, o único parâmetro palpável é mesmo o do tal leitor idiota, que acaba servindo de norte para os produtos jornalísticos. Sim, o leitor mediocrizado citado por Eric Nepomuceno pode ser na realidade vítima indireta do tal bando de burros que mandam muitas mensagens.

O pessoal que conheço do G1 e que chega a não disponibilizar de propósito um espaço para comentários sabem do poder dos trolls. Se bem que aí estamos falando de meio puramente internético. Troll é termo de internet e designa especificamente esse tipo de gente que tanto ama solapar sites de fóruns. Os fóruns de religião da Globo.com e do Uol foram extintos por causa desses tipinhos.

Porém, fora da internet também temos coisas parecidas. Já tendo trabalhado em revista, vi o quão poucas são as mensagens que recebemos. Há vezes em que a própria equipe precisa inventar umas cartas, só para encher aquele espaço, de tão poucas que são as mensagens recebidas. Em geral você não notará nada, pois os nomes inventados tendem a ser de padrão comum na população brasileira e as cidades de onde supostamente escreveriam são grandes o suficiente para que esse passa-moleque passe desapercebido. É enganar o leitor? É sim, sem sombra de dúvida, mas o motivo é justamente esse hábito de o brasileiro civilizado mandar poucas mensagens para os meios em que adquirem informação. Sim, há vezes em que revistas de bom conceito e razoável periodicidade recebem pouquíssimas mensagens. E falo pouquíssimas mesmo: coisa de duas ou no máximo três. E isso mesmo em publicações mensais, em que a pessoa teria um belo tempo para escrever uma mensagem legal.

Porém, os leitores malas nem de longe têm o hábito do brasileiro civilizado. Eles já vão vomitando seu monte de besteiras, burrice e agressividade para cima da publicação. E voltando ao texto do NYT, seguem regras para quem quiser ser troll, mas que podem ser aplicadas às malas sem alça. Sim, estão desnudos os idiotas que fazem a publicação se idiotizar desprezando a maioria de leitores que entendem perfeitamente até a coisa mais complicada, desde que explicada com propriedade e texto bom. E quem quiser ser um canalha, seja na internet, seja nos meios de papel, que siga a dicas passadas abaixo:

1) Use a linguagem mais chula possível. Chamar de nomes e usar palavrões é bastante efetivo.

2) Uma opinião violenta não significa que você precisa ter experiência a respeito do assunto. Um monte de pessoas fala sobre livros que nunca leram e filmes que nunca viram. Qualquer um pode imaginar perfeitamente bem se algo é ou não bom.

3) Se é uma crítica positiva a algo que você não gosta, chame quem a escreveu de fanático pelo objeto da crítica. Não nutra a idéia de que o produto, show, filme, livro ou restaurante pode ser realmente bom. Em vez disso, assuma para si a idéia de que o escriba recebeu pagamento daquele a quem teceu a crítica. A palavra “picareta” deve estar sempre à vista.

4) Se é uma crítica negativa, chame quem a escreveu de valentão e chame a crítica de “ataque guerrilheiro”. Acuse-o de receber dinheiro dos rivais e competidores do criticado.

5) Se é uma crítica neutra, ignore as partes positivas. Finja que ela é toda negativa ou toda positiva. Refira-se a ela como delirante ou violenta. Tanto faz.

6) Se achou uma sentença que te incita a interpretar erradamente, não és de maneira alguma obrigado a terminar de ler. Pare exatamente onde está. Expresse sua raiva quando ainda estiver boa e quente! Afinal, quais são as coisas que o autor escreveu adiante e que corroborarão seu ponto de vista?

7) Se o autor lhe responder mostrando que você estava errado (como por exemplo, citando um parágrafo que você pulou), desapareça sem responder. Essa é a internet, que é anônima. Sair à francesa sem ter de agüentar as conseqüências é um privilégio todo seu.

8 ) Ser um troll é deliberadamente fazer um comentário inflamado, um que você sabe perfeitamente ser conversa para boi dormir e apenas para acirrar os ânimos. Ser troll é uma arte. Funciona perfeitamente para audiências de uma pessoa, como, por exemplo, um jornalista. Porém, a verdadeira diversão é zonear fóruns públicos, onde conseguirá dezenas de pessoas putas da vida contigo simultaneamente. Comentários em fóruns de religião, política ou Mac X Windows são boas pedidas. O troll talentoso desfruta dos bombardeios com um sorriso hipócrita e jamais faz tréplica.

9) Não deixe generalidades passarem barato. Não tolere simplificações que facilitem a vida dos leigos. Ignore expressões como “geralmente”, “normalmente” ou “a maioria”. Se leu uma sentença como “O VisionPhone está entre os primeiros videofones para o consumidor comum”, cite a ignorância e a preguiça do autor de ter esquecido de mencionar o protótipo desenvolvido pela AT&T para a Feira Mundial de 1964. Mande a mensagem com cópia para o diretor de redação e, se possível, também aos anunciantes.

Já para os decentes que lêem esta mensagem e querem que as publicações brasileiras parem de tratar o leitor como idiota, incapaz ou retardado, façam ao menos uma coisa igual aos malas e trolls: MANDEM UM MONTE DE MENSAGENS EDUCADAS E CONSTRUTIVAS PARA OS MEIOS QUE LÊEM, DE MANEIRA A ELES SABEREM QUE HÁ SIM UMA PORRADA DE PESSOAS INTELIGENTES E, MAIS AINDA, LOUCAS PARA LEREM BONS TEXTOS, QUE NÃO TENHAM BUROCRACIA. SÓ O JORNALISTA NÃO CONSEGUE FAZER PORRA NENHUMA DENTRO DE ONDE TRABALHA. Desculpem o alterado do momento, mas creio ser fundamental que se as pessoas de bem querem uma boa publicação, precisam mais escrever para elas, sempre tendo propriedade.

E, claro, também identifiquem os trolls da imprensa brasileira. Digo que ignorá-los não adianta absolutamente nada, pois outros não irão ignorar e gerarão o tal circo pegando fogo. O lance é, em caso de calúnia, difamação e injúria, fazer um processo bem fundamentado contra eles, com um monte de provas, até mais que as teoricamente necessárias. E, claro, fazer a tal história de refutá-los fundamentadamente, pois pedirão para ir ao banheiro e caírem fora. E, claro, dentro daquela lógica de quem financia a baixaria é contra a cidadania, boicotar todo e qualquer anunciante da publicação até que ela se livre do otário.

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