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Tarde de terça-feira, 15 de julho de 2008. O ônibus segue pela Rebouças rumo ao centro da cidade. Percorre o corredor e, em pé no degrau da porta traseira esquerda, o que vemos? Sim, ele, o leitor:

A foto está tremida e foi tirada com um celular, mas o escriba deste blog testifica e dá fé que o rapaz em questão tinha todo aquele jeito que só quem é das perifas paulistanas tem. Usava aquelas roupas chamativas e incrementadas que você precisa ser mesmo de lá para saber deixar tudo na maior das elegâncias. A camisa era de botão e preta, mas as costuras com um quê de desenhos tribais tiravam toda e qualquer sisudez da dita cuja. Isso para não falar da calça do mancebo, também bastante maneira. Um office-boy? Um auxiliar administrativo? Não saberemos ao certo.

E o que ele lia?

A) O Manifesto do Partido Comunista, de Karl Marx e Friedrich Engels, na edição da L&PM Pocket

B) Cigana do Amor. Trago seu (sua) amado(a) em três dias. Pagamento depois do resultado.

C) O Doce Veneno do Escorpião, de Bruna Surfistinha

D) Algum folheto de orientações sobre equipamentos de segurança

Já chegando perto do ponto final, ele pôs o que lia no bolso e desceu na altura da esquina da Paulista com a Consolação. Talvez trabalhe lá ou talvez fosse aproveitar o Bilhete Único.

Impressionou-me o quanto ele estava compenetrado no assunto. Passava longo tempo em uma mesma página, destrinchando aquilo que estava em suas mãos. Era cara bem atento mesmo.

E aí, já descobriu o que ele lia? Segue a resposta abaixo:

Opção A

Sim, isso mesmo. Ele lia uma obra histórica e de importância fundamental para entendermos o que ocorreu do século XIX em diante. Lia sem maiores problemas, prestando bastante atenção aos tão intrincados textos, ainda que feitos para uma massa proletária ignara do século retrasado.

Esqueceram de avisá-lo que não pode ler essas coisas, pois é “o leitor” e dele só se espera que leia e compreenda qualquer coisa até o tamanho do letreiro do ônibus em que estava. Já na imprensa, esqueceram de avisá-lo que ele só pode ler textos curtinhos, mastigados, anódinos ao extremo e que forrarão gaiola de passarinho quando o dia terminar. Avisem também que ele não poderá ler qualquer coisa que tenha ordem passiva e que terá de cantar o Virundum sem ter a menor idéia do que é anacoluto e outras figuras de linguagem. Obrigado.

Um senhor convalesce no hospital. Septuagenário, continua forte como um touro, mas teve problemas devido a seus muitos anos de cigarro e má dieta. Segue totalmente lúcido e tendo o humor como guia sempre. Chega até a fazer piadas de humor negro com o problema que teve, demonstrando que praticamente nada foi afetado.

Porém, precisa ficar em observação, pois o que o levou ao hospital é grave, ainda que seu estado de saúde esteja bom. Muitas retiradas de sangue são feitas por dia, para fins de análise, sempre por gente da mais simpática, uma raridade se pensarmos que até os melhores centros de saúde tendem a tratar as pessoas como gado. Colhe os frutos do tempo em que diploma superior garantia vida de nababo, fruto do esforço que teve para sair da pobreza em um tempo que o Brasil era país fundamentalmente de ascensão social.

Sem muito o que fazer, trata de ler. Em suas mãos, o livro A Cidade do Sol, de Khaled Hosseini. É uma leitura sempre interrompida pelas muitas entradas de funcionários do hospital.

Chega a hora da coleta de sangue. O “vampirinho”, como são chamados os que fazem isso, é um auxiliar de enfermagem que provavelmente gramou muito para completar o curso técnico. Seus olhos transparecem o esforço que fez.

Vampirinho: E aí, vamos coletar o sangue?

Senhor: Claro. Apenas tome cuidado que minhas veias são difíceis de achar.

V: Puxa vida, mas o senhor já deve estar cansado disso tudo, não?

S: É a vida. O que importa é que fui atendido rápido e estou sendo bem acompanhado.

V: Verdade. Estica o braço. Espera só um pouco e… pronto, já consegui.

S: Ainda bem. Você foi dos poucos que conseguiu de primeira.

V: A Cidade do Sol? É do mesmo autor de O Caçador de Pipas. Preciso ler esse livro.

S: Leu O Caçador?

V: Li inteiro e assisti ao filme. Prefiro o livro, mas fui ao cinema umas duas vezes só para ver o filme. Adoro Khaled Hosseini. Minha mulher que o diga.

S: Gosto muito dos livros dele. Que coisa triste o Afeganistão. Muitas guerras, muita pobreza, fanáticos religiosos, ditaduras.

V: Pois é. E pensar que o Khaled conseguiu escapar de lá. Mas realmente adoro O Caçador de Pipas. Se bem que mudaram algumas coisas no filme em relação ao livro.

S: Eu também vi o filme e concordo contigo.

V: Bom, vai lendo o livro. Agora eu preciso sair.

S: Mas não esqueça de ler A Cidade do Sol.

V: E você acha que vou esquecer?

E o vampirinho segue para tirar mais sangue de outro paciente. Voltará para sua família depois do plantão. Khaled o espera.

O repórter segue seu caminho. Está em um carro indo para entrevistar a fonte. Está animado, pois o assunto é muito interessante e vale mesmo passar uns minutos com a pessoa a ser indagada. Seus olhos verão ou não aquilo sobre o qual leu.

O trânsito está razoável. Muitos carros, mas eles andam em velocidade constante. O motorista habilmente desvia dos pés-de-breque e já está perto de um trecho mais veloz de pista. De lá até o destino, é só questão de minutos.

Toca o celular. Da redação, pedem que o repórter vá urgentemente, pois sua presença é necessária naquele momento. Faça a entrevista por telefone.

Pede o repórter para o motorista dar meia-volta. Porém, ele já desconfia que há algo estranho no pedido. Afinal, a maioria de suas pautas já foi cumprida. O que será que de tão necessário seu superior necessita para que seja descumprido um horário já marcado antes?

Chega o repórter desconfiado à redação e pergunta o que ocorre. Pedem-lhe que revise as provas de textos que serão publicados, mas enviados à gráfica apenas no fim do dia. Era algo que podia perfeitamente ser feito assim que ele voltasse da entrevista in loco. Chateado e soltando fogo pelas ventas, o repórter ainda diplomaticamente liga para a fonte passando um recibo qualquer de que não pôde ir lá, falando com a voz mais simpática possível. Nota-se na fonte também um ligeiro estranhamento.

Termina o expediente e volta o repórter para casa. Grita e esbraveja em um canto só seu tudo aquilo que não pode falar abertamente na redação. Xinga o editor obtuso. Não quer mais voltar àquele antro que o limita de todos os jeitos, tanto profissional quanto pessoalmente. Não quer mais ver aquela gente rasa e vazia a quem chama de colegas. Mas queria falar tudo isso e não o faz porque sabe que teria o bilhete azul e imediatamente alguém ocuparia sua vaga, talvez até fazendo mais conformistamente seu trabalho.

Profissional, ele faz a matéria com uma entrevistinha mixa por telefone. Ele sabe que sairá um lixo e não faz muito caso de melhorar esse lixo, pois já esteve com o diamante bruto próximo de suas mãos, mas o dono do garimpo o tirou de lá na hora em que via o brilho da pedra de alto quilate.

Sai a matéria publicada. Muitos leitores, sem se darem conta, pensarão que o repórter esteve mesmo lá. Mal sabem que estão sendo enganados. Porém, sabe o repórter que está a contragosto enganando aqueles por quem tem consideração.

Como já se falou aqui em outra ocasião, há horas em que impor ao brasileiro a maneira americana de se referir às pessoas pelo sobrenome acaba gerando problemas, como ocorre neste texto sobre a Mega-Sena:

 Concurso 898 da Mega Sena: advogado é preso em SC

A polícia prendeu na sexta-feira, 14, em Santa Catarina, um advogado acusado de tentar extorquir R$ 7 milhões do empresário Altamir José da Igreja, um dos ganhadores do concurso 898 da Mega Sena, que pagou R$ 27 milhões. Segundo a Agência Estadual de Notícias do Paraná, o delegado adjunto da cidade paranaense de Toledo, Pedro Fontoura Ribeiro, gravou uma conversa com o advogado e procurou a delegacia nesta semana para denunciar o caso.

“O advogado dizia que tinha influência com autoridades e que poderia conseguir a liberação da conta”, contou Ribeiro à agência. O advogado deve ser transferido para Toledo ainda neste fim de semana. Um dia antes da prisão, a 4ª Câmara de Direito Civil do Tribunal de Justiça liberou parte do prêmio, R$ 4 milhões, para Igreja. O resto do montante continua bloqueado desde setembro deste ano por conta da alegação do marceneiro Flávio Biassi, que defende ser o verdadeiro dono do bilhete premiado.

“Liberou parte do prêmio, R$ 4 milhões, para Igreja”? Se alguém olhar apressadamente, poderá achar que foi a Igreja Católica que ganhou o prêmio. E isso geraria uma contradição daquelas na cabeça do apressado, afinal, jogo de azar é algo que não coaduna com o que está escrito na Bíblia. Não seria mais fácil ter falado “Altamir”? Ou será que o orgulho de querer impor algo alienígena a nosso país falou mais alto?

Este é um texto que escrevi no ano passado para a seção Literário, do Comunique-se, em uma época em que a hipocrisia daquele portal não era tão manifesta quanto agora. Como verão, faz exatamente um ano que isso aconteceu, mas é uma história atemporal. Divirtam-se:

8 de dezembro de 2006. Como qualquer outro dia na capital paulista, pelas 20 horas uma multidão de pessoas apinha-se no 669A – Terminal Santo Amaro/Terminal Princesa Isabel. É a volta do trabalho com direito a um tapete de luzes, pois o Natal se avizinha.

Ela passa a catraca no trecho da Brigadeiro antes de cruzar a avenida Brasil. Morena clara, esguia, olhos oblíquos e cabelo chanel, veste camisa de cetim com motivos orientais, calça corsário azul-escura ligeiramente arroxeada e calça sapatos de salto acamurçados. Em seu braço esquerdo, leva uma bolsa pequena de alça rígida e arredondada.

“Não preciso de dinheiro, pois dinheiro é papel pintado com números”, diz ela sensualmente meneando as cadeiras. Uma sensualidade nada forçada, tão natural como alguém dizer onde fica uma rua a um transeunte. E são os transeuntes sentados naquele coletivo que irão ser platéia dela.

Logo puxa conversa com um rapaz, de nome Francisco e indo ou voltando de sua aula de jornalismo. Logo ela pergunta sobre sua camisa do Radiohead e puxa conversa falando de música, sempre se mexendo freneticamente, equilibrando-se no cano daquele transporte. A moça diz que ele deveria gostar de seu nome, até por lembrar de Francisco de Assis. Diz mais além: devemos gostar de nossos nomes pois eles dizem quem somos. Pergunta meu nome e também responde ser um nome bonito e logo pergunta se sei o que significa. Emendo dizendo que vem do grego “andros”, que significa “homem”. “Você é homem, mas também é macaco”. Brinco dizendo que talvez ancestrais muuuuuito distantes tenham sido mesmo. “Mas você também é macaco e sabe por quê? Porque você tem coração e o macaco também tem coração. Quando compreendermos que os animais têm coração entenderemos melhor a nós mesmos”, emenda. “Vocês ouvem os corações? Quantos corações há aqui? Conversa ela sobre Augusto Boal, Baal e James Joyce, em praticamente um monólogo. Sobre Joyce, diz que ninguém deve lê-lo, mas sim entranhá-lo em seu corpo.

“Porque eu sou o que vocês dizem”. E o que ela é? “Se você diz que sou mulher, logo eu sou mulher”. Ela, que alega ser atriz, logo fala também que todos os livros são o livro. Fala que os problemas do mundo são devido a não falarmos com o outro. “O que vocês querem ver?”, ela pergunta, logo emendando sobre a TV. Grita que o sangue de Jesus tem poder e logo muda de canal, fazendo cena de dramalhão mexicano e reproduzindo um “boa noite” de noticiário. “Nos vemos amanhã, no mesmo horário e no mesmo canal. E quem garante que terão isso”? Logo emenda com assuntos místicos, falando de mandalas.

“Vocês têm olhos bonitos” é o que diz para todas as mulheres do coletivo. “Todos os olhos das mulheres são bonitos. Os homens olham as mulheres nos olhos sabem por quê?”. Silêncio. “Porque eles vêem nelas a si mesmos”. Logo tergiversa sobre seus sonhos. “Meu sonho é pegar um avião e ir para um lugar onde não precisarei de papel”, diz ela sempre anotando coisas em um bloquinho.

Ágil e elástica, logo usa os balaústres do ônibus para sua performance. Agacha-se e diz que não precisa se segurar nos ferros do ônibus e que está surfando sobre salto alto. Dança esticando as pernas e deslocando-se como um açor por entre galhos fechados, impressionando pela facilidade com que se esgueira pelas mais estreitas brechas daquele Mercedão que bravamente sobe em direção à Paulista.

Triiim e o monólogo é interrompido. “Peraí que preciso atender ao celular. Senti a vibração dele”. Abre a bolsa e pega o tijolinho. Troca umas palavras com uma amiga. O número 155 e o apartamento 42 deixam todos em um suspense.

A iluminação da cidade logo lhe evoca sentimentos relacionados à época. “Sabe, eu gosto do Natal, mas não esse Natal de ter de dar presentes. Gosto do Natal por causa dos amigos. E o que é amigo? Amigos são amor. Logo, fazer amizades é fazer amor. E o que é fazer amor?”. Perdoem-me, mas não lembrarei qual foi a emenda que seu raciocínio rápido fez sobre o assunto e nada tem de moralismo nisso. Mas me lembro do que logo ela emendou: “o amor é o software”, sempre com um sorriso nos lábios.

Francisco desce na altura da Escola Paulista de Medicina, sendo saudado com um “até amanhã, neste mesmo horário e lugar”. Ela continua a conversar, desta vez comigo. Aproxima-se o prédio da Gazeta. “É hora de eu descer”. “Boa noite e vejo todos vocês amanhã, neste mesmo horário e lugar”, ela diz. Pouco antes de o ônibus parar no ponto, ela conversa um pouco com uma senhora próxima à porta traseira direita. Desce próximo à esquina com a Pamplona. Sua beleza é imediatamente escondida pela sombra dos prédios. Logo o ônibus anda e a vista perde-a de foco.

Quem é, não dá para saber. Logo, ironias são ouvidas no interior do coletivo. “Tem gente que chama os outros de insanos mas não olha para a própria insanidade”, fala a garota sentada no banco imediatamente atrás da porta traseira esquerda, que irá parar no último ponto antes de entrar na Consolação. Para mim, ela foi aquela que resolveu transformar o coletivo em um camarote para vermos um monólogo que me recorda os tempos universitários. Obrigado a você que fez nossa noite extraordinária. E para você, quem ela é?

Como já disse aqui outras vezes, não sou contra manuais de redação, desde que feitos de maneira racional. Porém, uma coisa que qualquer manual de redação gera é o manual além do manual, em que as pessoas querem ser mais realistas que o rei.

Um exemplo disso é caso que por muitos anos assaltou O Estado de S. Paulo. Sabe-se lá porque, as pessoas passaram a escrever Nato em vez de Otan, que vem a ser a sigla para Organização do Tratado do Atlântico Norte, da qual, por sinal, Portugal faz parte como membro fundador. Diziam que era porque “o doutor Júlio Mesquita queria isso”. E muitos Natos foram para as páginas do diário paulistano.

A coisa foi seguindo assim, até o dia em que alguém perguntou ao próprio Julinho sobre isso, ao que ele respondeu que nunca falou para as pessoas escreverem Nato. Desde então, foi apenas Otan. Não duvido que até o próprio Júlio tenha se surpreendido com essa bizarrice que pipocou na redação. Claro que foi uma bizarrice que em nada afetava a notícia, mas que incrivelmente persistiu por um belo tempo. É algo como o boato, que surge sabe-se lá de onde.

E não duvido que outros jornalistas aqui tenham histórias de bizarrices assemelhadas que possam contar. E talvez essas bizarrices textuais multipliquem-se ainda mais naqueles lugares em que não há um manual formal.

Este foi um ocorrido relatado por Domingos Meirelles no I Salão Nacional do Jornalista Escritor. Eis que ele estava no Sul (se não me engano no RS) e pára o carro para abastecer. O frentista logo começa a conversar com ele:

Frentista: Domingos, você vai lançar um livro?

Domingos: Vou.

Frentista: É sobre o tenentismo, como o anterior?

Domingos: Sim.

Frentista: Eu li A Noite das Grandes Fogueiras e adorei. Vou pedir para o dono do posto ir ao shopping e comprar um para mim. Você dá um pulo aqui para autografar?

Domingos: Que é isso? Eu tenho exemplar desse livro aqui no carro. Já te dou um.

O mesmo Domingos Meirelles conta outro episódio ocorrido com ele, mas desta vez no hotel Eldorado, aqui em São Paulo. Eis que uma hora alguém todo maltrapilho entra em seu quarto para fazer o serviço. Obviamente, o hoje apresentador do Linha Direta se surpreende, pois no Eldorado, a regra é que os funcionários que atendem os quartos estejam impecavelmente vestidos.

Funcionário: Domingos, eu li seu livro, A Noite das Grandes Fogueiras, duas vezes.

Domingos: Comprou?

Funcionário: Não, mas li duas vezes lá na biblioteca da Vila Mariana.

E mais uma vez, lá foi Domingos presentear o cara em questão, que provavelmente ganhava salário mínimo, com um exemplar autografado. E como o próprio já disse, você encontra leitores onde menos espera. Ué, mas não seriam esses perfeitamente enquadráveis como “o leitor” e, portanto, capazes de achar que Jubiabá é sabor de sorvete (extraído livremente do MAD)?

Quem acompanhou as notícias dos meios online deve ter notado que o prêmio mundial The Best of Blogs premiou A mis 95 como o melhor blog do mundo em espanhol. Ele é feito por uma senhora nascida em 1911 e que completa 96 anos em 23 de dezembro. Maria Amelia Lopez é o nome da blogueira mais velha do mundo.

Como boa conterrânea de Cervantes que é, a vovó blogueira solta umas bem típicas de quem é de lá, como o motivo de ter ganho o blog: “meu neto, que é bem sovina, deu-me de presente este blog”. E dona Maria adorou.

E, mais ainda, ela fala de suas memórias da Guerra Civil Espanhola, conversa com internautas de todo o mundo e também comenta do mundo em geral. E um dos comentários diz respeito justamente a um jornalista:

Outro dia, vi um rapaz jovem no canal de televisão daqueles que querem explicar agora. Esse rapaz está começando a carreira e ridicularizava nada menos que a Duquesa de Alba.

Tirou umas fotografias e começou a rir dela. De como falava, de que carregava cães… tirava sarro da senhora. De alta alcunha, queira ou não, amigo. É uma aristocrata.

Tirava sarro de uma senhora de idade. Mais respeito, rapaz. Se quer ser jornalista não será nunca. Por não saber respeitar ou ter educação, não pode ser um grande jornalista.

Nem apresentador. Não se faz troça com gente de idade. Ainda mais de uma personalidade. Não achei graça alguma. Desliguei a televisão e nem quis saber como ele se chamava.

Não vejo essas coisas desagradáveis

Detalhe: a velhinha é esquerdista, fã de José Luis Zapatero e, como podem ver, exige respeito aos mais velhos. E, como podem ver também, não admite que a tratem como idiota.

É também interessante ler alguns comentários:

 Não culpe o garoto da TV, pois ele seguramente está cobrando uma ninharia e não tem culpa de nada. Apenas quer trabalhar. Quem tem culpa são os patrões que estão explorando esses jovens e por 600 euros, os obrigam a ter de engolir seus sentimentos e educação, fora fazer o que mandam.
Como jornalista das nova gerações – assim digamos, pois tenho 28 anos – realmente me dá muita vergonha ver pessoas alarearem um título e o sujar dessa maneira. Por sorte, há muitos profissionais que valem a pena.

Respeito é o ponto de partida para TUDO, absolutamente TUDO na vida.

Enormes saudações da Argentina. Teu blog me encanta e creio que já lhe disse uma vez…

Felicitações

Beijos

Bravo! Concordo completamente: “…las cosas desagradables no las veo.”

Infelizmente as massas ditam a oferta… por isso há tanta desgraça nos media!

Cumprimentos!

De fato, minha senhora, é uma barbaridade o que comete essa classe de jornalista. Só vendem agressão, deboche e falta de respeito. E isso se vê sobretudo na chamada Prensa del Corazón. Sou jornalista, mas tais práticas me desagradam tanto como a ti. Saudações guatemaltecas.

Alguma semelhança com a imprensa brasileira?

 Ávido leitor de revistas para homens sofisticados, classe A/B, com nível superior, interessados nas coisas boas da vida

 

Leitora assídua de publicações femininas. Seu principal interesse são os editoriais de moda

Leitor de publicações sobre literatura. Sempre que passa pelas bancas, fica ansioso pelo mais recente número das revistas que acompanha

Extremamente fanático por muay-thai e tudo que sai sobre o assunto

 

Repórter: Olá. Você tinha me chamado para falar em sua sala e estou aqui. Sobre o que é a conversa?

Capo: É sobre uma matéria que vai demandar mão-de-obra e que só você pode fazer?

Repórter: E sobre o que é o assunto?

Capo: Rapaz, o céu é vermelho e quero que você faça uma matéria a esse respeito para amanhã. Vai ser assunto de capa.

Repórter: Sim, o céu fica vermelho, mas só quando o sol está nascendo ou se pondo. No resto do dia ele é azul claro ou preto, quando é noite.

 

Capo: O que você está querendo dizer com isso?

Repórter: Ué, nada além da verdade dos fatos. De dia, o céu é azul porque a atmosfera terrestre absorve todos os outros comprimentos de onda e só deixa passar a luz azul. De dia, o céu é preto porque, obviamente, não há um Sol iluminando e o máximo que se tem é a luz da Lua…

Capo: Você está ousando duvidar de mim? Eu já disse: o céu é vermelho e quero uma matéria a respeito disso para amanhã.

Repórter: Em que você está se baseando para dizer isso? Qual a ciência que diz isso?

 

Capo: Não interessa. Quem vai fazer a reportagem é você e você é quem vai achar os cientistas. E ai de você se apurar mal…

Repórter: Os cientistas apenas irão me dizer o óbvio, que foi justamente aquilo que te falei lá atrás…

Capo: Isso você está falando no achismo. Não adianta vir aqui dizer o que o senso popular fala. Notícia é o extraordinário, meu chapa…

Repórter: E o que há exatamente de extraordinário em se querer afirmar que o céu é vermelho o dia todo?

 

Capo: Nada, pois o céu É vermelho!!!

Repórter: E por que raios eu iria fazer uma matéria sobre algo que não existe?

Capo: Não existe? Como você ousa me afrontar assim?

Repórter: Não estou te afrontando, mas sim dizendo a verdade.

Capo: A verdade, é? E o que é verdade para você pode não ser para os outros. Eu estou te dizendo: o céu é vermelho e acabou a conversa. Você é muito jovem ainda e pouco experiente.

Repórter: Mas… 

Capo: “Mas” o caralho! Precisa aprender que não pode ficar aceitando a versão que as fontes lhe passam, pois elas possuem interesses e tentam manipular o jornalista. E agora falo sério: ou me traz uma matéria até amanhã com três especialistas falando a respeito ou está demitido.

Repórter: Ei, alguma vez eu reclamei de trabalho? Apenas estou te falando que…

Capo: Cai fora daqui. Já te ouvi demais por hoje e quero essa matéria pronta amanhã com uma print na minha mesa!

Versão ligeiramente (e só ligeiramente mesmo) exagerada de coisas que acontecem nas redações deste país

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